Buscapé

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Mães de carne e osso


Sim, existem mães perfeitas.
Insistentemente magras, endeusadas, 
santas, heroínas, mitificadas.
Consagradas ao posto de mulher-maravilha ou elástico, 
horário nobre no paraíso.
Tão compactadamente cheias de pó compacto, 
photoshop, barrigas de plástico.
Abra o jornal e lá estão elas: 
impecavelmente perfeitas nos anúncios publicitários,
vendendo de perfume a geladeira para o Dia das Mães.
Desligo a TV e me olho no espelho. 
Cansaço e alegria.
Labuta e correria.
Colo e coragem.
Amor e ancoragem.
Reza e anjo da guarda.
Não sei mais quantas linhas de expressão.
Cada uma um significado, 
uma noite perdida, uma vida inteira ganha. 
Ô. Presente que não se encontra 
em loja nenhuma do mundo. 
Luz que não se acende com mil camêras,
mas dentro dessa mãe que é de carne e osso.
Sim. Se você não sabia, mãe é de carne e osso.
Erra e tropeça também.
Borra a maquiagem, quebra o salto, 
se perde nos seus achados,
agenda reuniões diárias com Deus.
Ainda bem que é de carne e osso.
É dessa combinação que nascem 
os abraços mais apertados, 
amorosos, verdadeiros, inteiros, 
cheios de afeto e de uma ligação única, 
que propaganda nenhuma jamais conseguiu inventar.

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